Era uma vez
os humanos. Seres muito versáteis, criativos e diferentes uns dos outros. Começaram
há alguns milhares de anos, comunicando-se com grunhidos, arrastando as
mulheres pelos cabelos (alguns ainda o fazem), matando mamutes e fazendo desenhos
horrendos (porém melhores que os meus) nas paredes das cavernas. Desenvolveram-se,
inventaram a escrita, o helicóptero, o cabide e a máquina de lavar (Não se
prendam aos exemplos! Os humanos criaram muitas outras engenhocas.). E, mais
recentemente, os humanos criaram um pequeno aparelho demoníaco: o Iphone. Ele é
aquilo que chamamos “telefone celular”, mas muitos acham o termo pejorativo,
afinal, o Iphone é muito mais que um aparelho telefônico.
O aparelho
funciona da seguinte forma: ele se conecta ao seu dono (que achou razoável
pagar muitos dinheiros pelo aparelho) e, de maneira misteriosa, começa a suprir
suas necessidades mais profundas. No início, é um processo muito sutil: a
pessoa sente-se a cada dia mais contente e satisfeita; posteriormente, ela tem
seus problemas resolvidos pelo aparelho: calvície, gordura localizada, impotência
sexual, falta de dinheiro, shitty job, carência etc. É o cogumelo do sol dos
celulares.
A notícia
se espalha: o aparelho é milagroso. Todos DEVEM ter um Iphone.
As pessoas
sentem-se inseguras. “Se eu deixar meu Iphone na mesa enquanto vou ao banheiro
corro o risco de ter uma diarreia?”, “Levar o Iphone em uma entrevista
significa emprego garantido?”, “Na conquista: qual Iphone as mulheres preferem:
o branco ou o preto? (melhor levar os dois)”, “É possível comer meu Iphone?”
blá blá blá...
E foi assim
que os humanos, antes versáteis, criativos e diferentes uns dos outros
transformaram-se em “donos de Iphones”, e nada além disso.
(Ou são os Iphones donos dos
humanos? Aguardar...)