sábado, 7 de fevereiro de 2015

Fora do Casulo

Texto escrito num momento perdido da minha viagem.

A vida no exterior é realmente desafiadora. Tem todo aquele blá blá blá de crescimento pessoal mas o que se passa mesmo é que se aprende a comemorar as mais pequenas e ridículas conquistas.
A primeira conquista é obviamente, chegar ao seu local de destino. Porque, obviamente, não se tem vôo direto para onde se quer ir, e é preciso procurar um ônibus, trem, avião, carro, charrete para que se chegue.
Pois bem. Já está em sua casa. O próximo passo é: comida. Claro que você sabe cozinhar, é um excelente chef, faz um feijão divin... Epa! Não tem feijão? Como assim? Bom, arroz puro não é tão ruim, não é mesmo?

Uma coisa que sempre tive pavor eram os caixas eletrônicos para saque no exterior. Sim, porque na santa internet eu li os causos mais loucos de pessoas que tiveram seus cartões VTM do BB engolidos e/ou destroçados por caixas eletrônicos. Por isso mesmo, troquei bastante dinheiro no Brasil, achando que ia livrar-me do terror do caixa eletrônico. Porém, o dia de enfrentar meu chefão chegou. Fui ao banco, toda pimpona, mas estava fechado. Não ia ter jeito: caixa eletrônico de rua (que REALMENTE fica nas ruas). NÃÃÃÃÃÃO! Ok... Muita calma... Fui no Ibercaja. Inseri o cartão e SLUMP! Engoliu! Ok, era isso. Fim. The end. Perdi o puto cartão. Mas as mensagens da operação continuavam a aparecer na tela, então segui as instruções. Finalizei a operação. Primeiro recebo o comprovante. Penso: ok, até aí tudo bem. Logo em seguida meu cartão foi vomitado e foi um momento de grande felicidade. Mas cadê o dinheiro????? Sim, o caixa eletrônico conhecia meus medos mais profundos e fez charminho para liberar o dinheiro. Depois de uns momentos de tensão, o caixa resolveu parar com o terrorismo e cuspiu o dinheiro.


Uma vitória!

sábado, 1 de novembro de 2014

Carta para São Pedro

Prezado São Pedro,

Imagino que no passado o senhor e São Paulo tiveram muitos desentendimentos e até certa rivalidade. Considero isso tudo águas passadas. Porém, não pude deixar de perceber que, nos últimos tempos, o senhor tem demonstrado certa antipatia para com os filhos de São Paulo, os paulistas (e assinalo que não tiro sua razão nesse caso... os paulistas são um tanto quanto chatos e arrogantes...).
Por isso, São Pedro, tomei a iniciativa de escrever uma carta com um pedido de desculpas em nome de todos os paulistas. Muitos, tenho certeza, não estarão de acordo com isso, mas eles não sabem o que dizem...

Vamos aos pontos:

1.   Aceitamos o Heliocentrismo em vez do Sãopaulocentrismo. São Paulo não é o centro do Universo, da Galáxia, do Sistema Solar, da Terra ou do Brasil;
2.   Não somos superiores a ninguém. Não somos mais inteligentes, mais politizados, mais racionais que nenhum outro ser humano, seja ele do Acre ou do Rio Grande do Sul;
3. Admitimos que elegemos um picolé de chuchu como nosso governante (a única justificativa para isso é a Síndrome de Estocolmo);
4. Utilizamos a água de maneira estúpida e desenfreada. Tentaremos aprender ao máximo com esse período de seca a valorizar os recursos escassos.

Dito isso, assumimos o compromisso de aceitar e seguir os pontos acima.

Pedimos, encarecidamente, que faça chover torrencialmente nos próximos meses. Estamos sujos e com sede.

Muito obrigado.

______Povo de São Paulo______



Obs.: Furei a fila de sua basílica em junho passado. Peço desculpas pelo vacilo. Espero que tudo isso não seja represália ao meu ato impensado.


sábado, 15 de março de 2014

Proooocraaastination

(Para procrastinar o início da leitura, veja esse vídeo. MESMO! Procrastination )

Oi,

Meu nome é Carol e eu tenho uma doença. Sofro de Enrolarium Tempius, que é o nome científico para a procrastinação.
É uma doença muitíssimo comum em todas as faixas etárias e classes sociais. É especialmente perigosa para universitários. Infelizmente, há poucas pesquisas na área e, consequentemente, escassez de tratamentos.
Essa semana eu tive uma crise fortíssima. Deveria fazer 1 (um) trabalho para a faculdade. A seguir, o que foi feito na realidade:

  • Trabalhos que estavam com prazo muito mais largo do que o dito cujo;
  • Limpeza do quarto, composta de: varrer o chão, tirar TODOS os objetos das mesas/prateleiras, limpar as mesas e prateleiras, colocar TODOS os objetos nas mesas/prateleiras, passar pano no chão;
  • Limpeza da sala;
  • Limpeza não de um, mas de DOIS banheiros (eu nunca havia limpado um banheiro);
  • Lavagem das toalhas de toda a casa;
  • Elaboração do almoço;
  • Lavagem da louça;
  • Academia (CARA, eu fui pra academia pra não fazer o trabalho!);
  • Lavagem das roupas da semana e das pantufas;
  • Banho;
  • Elaboração do jantar;
  • Episódio de The Office (falhei com meu compromisso);
  • Finalização de um livro;
  • Dormir;
  • Escrever esse texto.


Sim, sim. Tudo isso foi bem absurdo, mas veja bem: pelo menos a casa está limpa. Não é como aquela vez que eu CONTEI os grãos de um saco de feijão só para não ter que fazer uma coisa qualquer (poderia ter sido pior: poderia ter sido um saco de arroz).

Enfim, deixei de fazer uma viagem bacana pra poder colocar as coisas em ordem. Estou me sentindo a rainha do ridículo nesse exato momento.

Enrolarium Tempius não é brincadeira, gente!


(Próximas tarefas: elaboração do almoço, lavar o cabelo, SECAR o cabelo, talvez, talvezinho, fazer o trabalho...)

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Viagem

Check in:
Cheguei no aeroporto e, enquanto foram guardar o carro, fui até o guichê da companhia aérea. Lá, havia um "device" de ferro em que a mala de bordo deveria caber. Caguei um tijolo quando a minha não entrou.

Duty free:
Passei em uma loja apenas para borrifar "La vie est belle" em meus pulsos, pois ainda não tenho condições financeiras de adquirir um frasco do mardito.

Embarque:
A mala entrou. Obrigada de nada.

Decolagem:
O avião tá lá na pista, bem sossegado, só comendo gente, bagagens e combustível. Logo mais, mandam o coitado circular.  Ninguém pergunta como o Sr. Avião se sente a respeito. Pau mandado, sofrido, ganha pouco. Ele vai, bem devagar, com preguiça. Às vezes para, olha em volta, pergunta se pode voltar pro cochilo no hangar, mas só obtém negativas. De repente, o avião lembra que tem algo MUITO importante pra fazer em outro lugar, e PUTA QUE PARIU, começa a correr desembestado até voar. 

Turbulência:
Como todos sabem e pesquisas provam, avião não voa: é Deus quem pega o aviãozinho na mão e brinca com ele no céu. Para checar a fé dos ateus, Deus pega o avião e dá uma balançadinha considerável no brinquedo. Todos pedem misericórdia. Em seguida Deus coloca o avião no lugar e fala "chora, ateus".

Refeição:
Atenção: não é porque você está indo para a Europa que você é rico/chique. Confesso que pensei (estou pensando) seriamente em afanar os "tapauéres" da refeição. Isso sem falar na xicarinha do café, toda vermelha e fofa (o café tinha gosto de tristeza). 
Obs: também planejo levar um dos cobertores. Vamos acompanhar a tentativa.
Obs2: não consegui os tapauéres.
Obs3: levei o cobertor.

Comissários de bordo:
Confesso ainda que estou encantada com o comissário de bordo. Não é porque ele é bonito (porque ele não é), mas ele traz as coisas com um sorriso tão gostoso que se ele oferecer FRANGO eu pego (mentira, peguei o ravioli!).

Banheiro:
Gostaria de ir ao banheiro, mas acho que acontecerá uma turbulência 10 na escala Richter...
Obs: fui ao banheiro e não houve turbulências!

Pouso:
A única coisa do mundo pior que o pouso é o inferno, sem sombra de dúvidas! Tive uma dor de ouvido insuportável. Olhava em volta e todos estavam normais. Perguntei, gritando, para um senhor se isso era normal e ele disse que sim. Pior sensação de todas.

Conclusão: 
100% das minhas viagens de avião foram boas (viajei uma vez de avião).

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Meu Iphone, Minha Vida


Era uma vez os humanos. Seres muito versáteis, criativos e diferentes uns dos outros. Começaram há alguns milhares de anos, comunicando-se com grunhidos, arrastando as mulheres pelos cabelos (alguns ainda o fazem), matando mamutes e fazendo desenhos horrendos (porém melhores que os meus) nas paredes das cavernas. Desenvolveram-se, inventaram a escrita, o helicóptero, o cabide e a máquina de lavar (Não se prendam aos exemplos! Os humanos criaram muitas outras engenhocas.). E, mais recentemente, os humanos criaram um pequeno aparelho demoníaco: o Iphone. Ele é aquilo que chamamos “telefone celular”, mas muitos acham o termo pejorativo, afinal, o Iphone é muito mais que um aparelho telefônico.
O aparelho funciona da seguinte forma: ele se conecta ao seu dono (que achou razoável pagar muitos dinheiros pelo aparelho) e, de maneira misteriosa, começa a suprir suas necessidades mais profundas. No início, é um processo muito sutil: a pessoa sente-se a cada dia mais contente e satisfeita; posteriormente, ela tem seus problemas resolvidos pelo aparelho: calvície, gordura localizada, impotência sexual, falta de dinheiro, shitty job, carência etc. É o cogumelo do sol dos celulares.
A notícia se espalha: o aparelho é milagroso. Todos DEVEM ter um Iphone.
As pessoas sentem-se inseguras. “Se eu deixar meu Iphone na mesa enquanto vou ao banheiro corro o risco de ter uma diarreia?”, “Levar o Iphone em uma entrevista significa emprego garantido?”, “Na conquista: qual Iphone as mulheres preferem: o branco ou o preto? (melhor levar os dois)”, “É possível comer meu Iphone?” blá blá blá...
E foi assim que os humanos, antes versáteis, criativos e diferentes uns dos outros transformaram-se em “donos de Iphones”, e nada além disso.


(Ou são os Iphones donos dos humanos? Aguardar...)

terça-feira, 2 de julho de 2013

Sonhos

É difícil ver um sonho acabar.

Você vê sua concepção, seu nascimento, seus primeiros passos e a promessa de que ele crescerá e viverá. Você vê seu potencial, suas possibilidades, sua força, sua beleza. Tudo muito bonito, muito esperançoso. Aí o sonho finalmente sai de casa, para se transformar naquilo que foi destinado a ser. E o sonho se dá conta que é difícil permanecer inteiro. O sonho se esquece de quem é, de seus propósitos, de suas motivações. O sonho se esquece de seu criador. O sonho vira um pesadelo. O sonho acaba.
Aí você, dono do sonho, se pergunta o que fez de errado. Foram muitas expectativas? Distanciamento da realidade? Uma má alimentação?


De que os sonhos se alimentam, afinal?

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Madallaine III


Madallaine costumava andar em círculos. Evidentemente, ela não percebia isso de imediato, somente quando, após uma longa caminhada, ela se deparava com o mesmo ambiente infelizmente tão conhecido para ela. Começava de novo, tomava outro rumo, mas não havia jeito: de novo à estaca zero. Madallaine começará agora a andar de olhos fechados.