quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Sem título

Belíssima segunda-feira, 31 de outubro. Sinto o cheiro das bruxas no ar. O tempo anda para trás de tão lerdo que está. Não há pessoas, não há livros, não há bateria, não há música, e nem ao menos há lição a ser feita (em tempo: SEMPRE há lição a ser feita). Então, cá estou eu, sozinha, conversando com você, papel. Tenho um certo problema com você, sinto uma certa intimidação. Parece que as coisas tomam um rumo diferente quando minha lapiseira fajuta faz a conexão entre minhas tão loucas idéias e você, papel. Quando se trata da cabeça, do plano das idéias, da imaginação, ou seja lá qual o nome disso, tudo é permitido: não há senso do ridículo, não há limitações, não há julgamentos. Mas quando chego até você, papel, é como se você ficasse aí, branco e imóvel, esperando os absurdos imaginativos para, em seguida, começar a avacalhação. Já posso até ouvir as palavras de escárnio e os dedos apontados: “Você acha mesmo que quero saber de suas histórias?” e “Oh, não! Ela realmente pensa que consegue juntar meia dúzia de palavras e formar uma frase inteligível?” ou também “Nossa, ela escreve com a profundidade emocional de uma colher de chá.”. Sim, odioso papel. Não temos intimidade. Eu não me sinto a vontade em sua presença. Eu não sei o que fazer quando você me encara, implacável. Mas nós dois sabemos, papel, que isso terá que mudar algum dia, e por que não hoje? Já foi adiado por longos anos, e não sei por quanto tempo o ato de escrever num papel, à mão mesmo, será mantido por minha espécie. Até breve

Nenhum comentário:

Postar um comentário