quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Faxina

É preciso admitir: algumas pessoas gostam, sim, de faxina. É preciso admitir: eu gosto de faxina. Mas vejam bem, não é que eu goste de experimentar o novo produto que tira até as manchas que se formarão no futuro, ou sinta imensurável alegria ao passar pano no chão. Isso eu detesto. O que me agrada é a possibilidade de tirar tudo do lugar, eliminar os traços de sua presença, e colocar apenas o que me será útil num local diferente. E por que isso me deixa tão extasiada? Porque é exatamente isso que eu (e grande parte das pessoas, penso eu) tento fazer todos os dias da minha pacata existência. Mudo os móveis na impossibilidade de mudar de vida. Limpo as gavetas desejando fazer o mesmo com o coração. Separo roupas que não servem mais querendo fazer o mesmo com pessoas que já fizeram algum sentido pra mim, mas deixaram de fazer. Esfrego os móveis e o chão como se isso ajudasse a tirar as manchas deixadas pela vida. Lavo a louça como quem lava a alma. Jogo fora o iogurte vencido almejando fazer o mesmo com tudo que está estragado em mim. A casa está limpa, mas eu não. Vamos aos produtos mais fortes dessa vez.

4 comentários:

  1. Na casa ou na vida, há um fato desanimador a ser lembrado: A limpeza não dura sequer uma semana!

    ResponderExcluir
  2. Odeio me mudar. O que será que isso diz a meu respeito? haha

    ResponderExcluir
  3. Eu ficaria feliz em pelo menos eliminar pessoas com a mesma facilidade que eliminamos ... uma cama velha.Sem dor e principalmente com a esperança de que novas e melhores pessoas (ou camas,gosto de camas)entrassem em nossa vida e completassem aquele espaço que não fará falta.
    Enquanto não acontece, estou apenas aguardando um produto como o VANISH para sentimentos,pessoas,dores tão poderoso quanto o para manchas.

    ResponderExcluir
  4. Quanto à substituição de pessoas não posso dar muitos conselhos... mas a substituição de cama foi um sucesso! (:

    ResponderExcluir